A Cinemateca Brasileira recebeu o patrocínio de 13 milhões do Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, para o Projeto Nitratos – Preservação e Acesso, que viabiliza a conservação e catalogação de uma coleção de três mil rolos de imagens de valor histórico único – cinejornais, documentários, ficção, filmes domésticos e publicidade, produzidos entre as décadas de 1910 e 1950. 

É a primeira vez em 65 anos que a Cinemateca Brasileira recebe recursos específicos para tratar o conjunto da coleção de nitratos, a mais antiga e mais frágil, responsável por quatro incêndios (1957, 1969, 1982, 2016) ao longo da sua trajetória. A iniciativa inclui ainda a digitalização de títulos para difusão e ações de formação técnica e cultural.  

Construção feita de tijolos vermelhos com portas e janelas de vidro
Fotografia: Ana Elisa Faria 

Na coleção de Nitratos, estão filmes do Ciclo Recife (1923-1931), Cinejornais do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo (1938-1946), Cinejornal da Agência Nacional (a partir de 1946), importantes documentários como São Paulo, a Symphonia da Metrópole (1929), Sociedade Anônima Fábrica Votorantim (1922), Fragmentos da Vida (1929), de José Medina e o primeiro longa-metragem de animação da história do Brasil, Sinfonia Amazônica (1953). 

A coleção de filmes em nitrato de celulose da Cinemateca Brasileira tem valor incalculável e é essencial para preservar a memória e a cultura do nosso país. É simbólico que o público possa, em breve, ver, pela primeira vez na história da instituição, estes registros preciosos de outras épocas. A cultura faz de nós quem somos. Temos orgulho de apoiar a Cinemateca, tudo o que ela representa, e a recuperação deste acervo tão delicado quanto especial”

 

_Afirma Hugo Barreto, Diretor-Presidente do Instituto Cultural Vale.

Importante ressaltar que os três mil rolos correspondem praticamente à totalidade das obras remanescentes do cinema antigo no Brasil, pois a Cinemateca, a partir da criação do seu Laboratório de Restauro em 1976, passou a concentrar todos os títulos sobreviventes em arquivos e cinematecas do país. Trata-se, portanto, de um grande avanço no rumo da preservação da memória cinematográfica do país.  

É a concretização de um esforço de décadas, pois desde 1975 a Cinemateca vem enfrentando o fantasma do salvamento da coleção dos filmes de nitrato, sem jamais ter vislumbrado uma solução global para o problema, como agora se apresenta.    

A Cinemateca Brasileira possui o maior acervo de filmes da América do Sul, com mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica.  

CINEMATECA BRASILEIRA

A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.

O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.