Rio de Janeiro (RJ) é a próxima cidade a receber a 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto. A exposição acontece no Museu de Arte do Rio – MAR, entre os dias 22 de outubro de 2022 e 22 de janeiro de 2023.  

As mostras itinerantes da 34a Bienal de São Paulo foram concebidas a partir de enunciados, que são objetos ou elementos imateriais com histórias marcantes ao redor dos quais obras e artistas são reunidos, estimulando leituras a partir de narrativas e não de formulações conceituais fechadas.  

No Rio de Janeiro, a exposição é organizada a partir do enunciado Os retratos de Frederick Douglass e será composta por trabalhos de 13 artistas de 8 diferentes países: Anna-Bella Papp (Romênia), Arjan Martins (Brasil), Daiara Tukano (Brasil), Daniel de Paula (EUA), Deana Lawson (EUA), Frida Orupabo (Noruega), Gala Porras-Kim (Colômbia), Jaider Esbell (Brasil), Joan Jonas (EUA), Noa Eshkol (Israel), Paulo Kapela (Angola), Seba Calfuqueo (Chile) e Tony Cokes (EUA)  

Escultura com várias penas vermelhas. 

Daiara Tukano/ Kahtiri Eõrõ – Espelho da vida, 2020/ Plumária em seda e espelho  

Imagem do interior de um museu com pé direito alto, vários vidros na paredes, uma rampa e várias telas digitais que formam uma imagem de nuvens e fogo. 
Foto de um quadro grande em uma parede branca com a imagem de várias pessoas negras. 

Arjan Martins/ Complexo Atlântico (Oceano), 2021/ Acrílica sobre a tela 

Tela de um quadro com fundo branco com três máscaras e rostos que se cruzam entre si. 

Paulo Kapela/ Sem título, 2007/ Grafite sobre papel 

Sobre o enunciado Os retratos de Frederick Douglass 
 
Frederick Augustus Washington Bailey nasceu em Talbot County, Maryland (EUA), em fevereiro de 1817 (ou de 1818, segundo algumas fontes), filho de uma mãe negra escravizada e de um pai, provavelmente branco, que nunca o reconheceu – talvez o dono ou um feitor da plantação onde a mãe trabalhava. Ao longo da infância e da adolescência, apesar de inúmeros obstáculos, aprendeu a ler e a escrever, chegando a organizar aulas de alfabetização para outras pessoas escravizadas como ele. Em 1838, após algumas tentativas frustradas, conseguiu fugir para Nova York, onde a prática da escravidão havia sido abolida em 1827, mas a sensação de insegurança causada pela espreita constante de “sequestradores legalizados” de fugitivos fez com que logo se mudasse para New Bedford (Massachusetts), onde adotou o sobrenome Douglass. Eloquente, carismático e tendo vivido realidades que lhe davam uma perspectiva contundente da sociedade, iniciou rapidamente uma extraordinária carreira de escritor, orador, político e, acima de tudo, ativista em prol da abolição da escravidão – que ocorreu em todo o território dos Estados Unidos apenas em 1865 –, tornando-se uma das figuras mais reconhecidas e admiradas nessa luta. Ao morrer, em 1895, era considerado um dos homens mais importantes na história dos Estados Unidos.  

Em 1841, Douglass encomendou seu primeiro retrato fotográfico. Ele tinha plena consciência de que sua imagem de homem negro livre poderia ter grande amplitude na luta contra a escravidão e percebeu, de modo pioneiro, que a circulação massiva que o meio fotográfico permitia seria importante no suporte à luta antirracista e contra as práticas segregacionistas do pós-abolição. Não à toa, ao longo das mais de cinco décadas seguintes, ele se tornaria a pessoa mais fotografada nos Estados Unidos do século 19, demonstrando um enorme controle de sua pose, vestimenta, feição e enquadramento.  

Sob o olhar penetrante e desafiador de Douglass, obras produzidas em momentos e contextos distintos tecem um discurso complexo e rizomático, que reafirma a importância de voltar a olhar, hoje, para os processos de deslocamento, violência e resistência que marcaram e continuam marcando a vida de milhões de pessoas. Nessas obras, cruzam-se fluxos de imagens, culturas e corpos que são testemunhos de que é possível metabolizar traumas do presente e do passado como combustível para exigir a construção de alicerces para um futuro mais justo.  

Sobre o Programa de mostras itinerantes da Bienal de São Paulo  
 

O Programa de mostras itinerantes da Bienal de São Paulo é uma iniciativa que chega em 2022 à sua sexta edição. A itinerância da 33ª Bienal, em 2019, percorreu oito cidades, sendo uma no exterior, e recebeu um público de mais de 170 mil visitantes.

O programa aposta na arte e no seu impacto positivo no campo da educação e da cidadania. Parcerias com as instituições em cada local permitem a difusão do trabalho para além do circuito artístico da cidade de São Paulo, chegando a outros olhares e novas sensibilidades. Além das exposições, a iniciativa inclui ações educativas e de difusão, estando alinhada à missão da Fundação de integrar cultura e educação à vida cotidiana”, afirma José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal.  
 

Este ano, o programa já visitou as seguintes cidades: São Luís (MA), Campinas (SP), São José do Rio Preto (SP), Campos do Jordão (SP), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Belém (PA) e Santiago (Chile).

34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto 

Programa de mostras itinerantes

Rio de Janeiro (RJ)  

Museu de Arte do Rio – MAR 

Abertura 22 de outubro de 2022 (entrada gratuita)   

Visitação

De 23 de outubro a 22 de janeiro de 2023

Quinta a domingo, das 11h às 18h (última entrada às 17h) 

Praça Mauá, Centro, Rio de Janeiro – RJ

Inteira: R$ 20,00 | Meia: R$ 10,00