Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho, “Retro/Ativa” traz videoinstalações que abarcam diferentes momentos dos mais de 20 anos de carreira de Eder Santos; com dois trabalhos inéditos, exposição itinerante fica no Memorial Minas Vale de 6 de maio a 23 de julho, e depois segue para Belém (PA), São Luiz (MA) e Vitória (ES). 

Um artista barroco e multimídia, que não se contenta com nenhuma zona de conforto. Um criador que, quando alcança algum lugar, é capaz de partir, na sequência, para outro extremo”. Essa é uma das definições de Eder Santos nas palavras do curador Luiz Gustavo Carvalho, responsável pela seleção das obras da exposição “Retro/Ativa”. Com nove videoinstalações que traçam um panorama histórico da múltipla produção do artista multimídia mineiro e dialogam com espaço arquitetônico do edifício histórico do Memorial Gerais Minas Vale e de seu entorno, a exposição itinerante fica em cartaz em Belo Horizonte até dia 23 de julho, antes de circular por outras três capitais brasileiras: Belém, no Pará; São Luiz, no Maranhão; e Vitória, no Espírito Santo. Gratuita, a visitação acontece das 10h às 17h30, às terças, quartas, sextas e sábados; e das 10h às 21h30, às quintas-feiras. A exposição “Retro/Ativa” é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura, e tem patrocínio do Instituto Cultural Vale.  


Mesclando diferentes linguagens e técnicas, a obra de Eder Santos borra fronteiras entre artes visuais, cinema, teatro, vídeo e novas mídias. Pioneiro da arte multimídia no Brasil, sua trajetória confunde-se com o início da produção audiovisual nas artes plásticas, nos anos 1980, que funde o padrão estabelecido pelas televisões e as experimentações com o vídeo-amador. “A maioria dos trabalhos da exposição traz essa coisa da tecnologia, que sempre esteve presente na minha obra. Mas a tecnologia acidental, como forma de experimentar. O ruído, a distorção, o desconforto. Usar como ferramenta, sem respeitar muito a tecnologia, sem se entregar ao monitor”, sublinha o artista, que possui trabalhos em coleções de importantes museus no Brasil e no exterior, tais como os Museus de Arte Moderna da Bahia, de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MOMA), o Centre Georges Pompidou (Paris, França) e a Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami, Estados Unidos). 

O multiartista destaca a presença de duas obras inéditas na exposição, “Janaúba” e “Barravento Novo”, além de outras criações nunca apresentadas em Belo Horizonte. “O que achei legal da seleção é que entraram obras que ainda não mostrei aqui. É importante dizer que algumas das minhas obras têm versões duplas, triplas. Como ‘Janaúba’, que surgiu como performance e depois virou um vídeo, em 1993, exibido em festivais de cinema e premiado no ‘Videobrasil’. Agora, ele chega neste formato de videoinstalação, que ainda não foi apresentado. Essas duas obras inéditas, curiosamente, tratam do cinema”, comenta Eder Santos, autor de 15 curtas, três longas-metragens e várias séries televisivas. “‘Janaúba’ traz questões mineiras, que remetem a Guimarães Rosa e, ao mesmo tempo, faz referência a ‘Limite’, de Mário Peixoto, e a ‘Carro de Boi’, de Humberto Mauro, duas figuras importantes do nosso cinema. Já ‘Barravento Novo’ é uma releitura do filme de Glauber Rocha, que leva o cinema para a videoinstalação, em single channel”, completa o artista, ressaltando que “Barravento” tem atuação de Antônio Pitanga, protagonista do filme de Glauber Rocha, bem como da filha e da neta do ator, Camila Pitanga e Antônia Peixoto. 

Para Luiz Gustavo Carvalho, as obras inéditas trazem um aspecto importante para a seleção, que vai ao encontro do título da exposição. “É uma retrospectiva que contempla vários períodos da carreira de Eder, mas que não trata de um trabalho fechado, muito pelo contrário. Estamos falando de uma produção totalmente ativa, e as obras inéditas permitem o olhar para os novos inícios”, pontua o curador. Mesmo algumas criações antigas apontam para o futuro, já que guardam relação com projetos futuros do artista, como no caso da celebrada série “Enciclopédia da Ignorância”, de 2003, cujas obras “Preguiça”, “Humilhação” e “Ciúme” fazem parte exposição.

Em julho, vou apresentar, em São Paulo, a segunda versão da ‘Enciclopédia da Ignorância’, que deve trazer temas como inveja, vício e remorso, com obras que terão a inteligência artificial como ferramenta, adianta Eder Santos.  

Sobre Eder Santos 

Nascido em Belo Horizonte, Eder José dos Santos Júnior iniciou seus estudos na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas mudou-se para o curso de Programação Visual na Fundação Mineira de Arte Aleijadinho (Fuma), onde se graduou em 1984. Videoartista, cineasta, roteirista e designer gráfico, possui obras nos acervos permanentes de vários museus e sua participação em bienais e festivais no Brasil e no exterior é vasta. Tem uma premiada carreira como diretor de cinema e TV. Na música, soma parcerias com o multi-instrumentista e compositor Paulo Santos, do grupo mineiro Uakti. 

Entre suas obras, estão a videoinstalação “The Desert in My Mind” (1992), que convida os espectadores a caminharem sobre as imagens; “Janaúba” (1993), vídeo que evoca uma volta às origens do audiovisual; e a instalação “Call Waiting” (2006), composta por 50 gaiolas e imagens de pássaros projetados, que remetem a memórias de infância e às aves que o pai do artista criava. Além de se dedicar à criação de exposições, videoinstalações e vídeo performances, Eder também é autor de trabalhos em vídeo como “Tumitinhas” (1998), “Eu Não Vou à África Porque Tenho Plantão” (1990) e “Mentiras & Humilhações” (1988). Dirigiu 15 curtas, a série de TV “Contos da Meia-Noite” (2004, TV Cultura) e os longas “Enredando Pessoas” (1995), “Deserto Azul” (2014) e “Girassol Vermelho” (2020). 

Exposição “Retro/Ativa”, de Eder Santos

Quando: De 6 de maio a 27 de julho de 2023 

Visitação: Terça, quarta, sexta e sábado, 10h às 17h30; quinta, 10h às 21h30, domingos, das 10h às 15h30. 

Onde: Memorial Minas Gerais Vale
Praça da Liberdade, 640 – Savassi l Belo Horizonte (MG)

Quanto: Entrada Gratuita.