Viabilizado com o patrocínio da Vale e parceria do Governo do Maranhão, o projeto Mapearte é o maior mapeamento de artesanato já realizado no Brasil. Iniciado em 2017, o projeto já registrou 4.736 artesãos, seus produtos e as técnicas utilizadas. A plataforma digital Artesanato do Maranhão foi lançada em junho para celebrar a rica tradição artesanal do estado, destacando indumentárias, instrumentos musicais e especialmente o Bumba Meu Boi, criados com talento e habilidade por centenas de artesãos locais.

artesã segurando caixa centralizada em fundo vermelho
Artesã: Agostinha Sousa

A plataforma não apenas oferece acesso livre e gratuito, mas também apresenta um acervo de 43 mil imagens, 200 mini vídeos e gráficos, além de conteúdo exclusivo como glossário de termos e medidas utilizados pelos artesãos e uma série de textos ilustrados, enriquecendo a compreensão e apreciação do artesanato maranhense. Também apresenta informações sobre os municípios e os povoados onde vivem os artesãos – dentre eles 28 aldeias indígenas e 274 comunidades quilombolas.  

chapéu de bumba meu boi colorido de pena
Artesão: Raimundo Lobato

Funcionalidades da plataforma 

É possível fazer buscas por artesão, cidade, povoado, produto, tipologia, material, técnica, bioma e gênero. O sistema também permite cruzar informações, identificando, por exemplo, quais produtos do Bumba Meu Boi são bordados à máquina ou quais os povoados produzem cerâmica ou ainda quais artesãos utilizam a carnaúba, linho de buriti e material reaproveitado. 

chapéu de palha de carnaúba centralizado em fundo preto
Artesã: Luzinete Rosa

A equipe de pesquisa de campo, formada por pesquisadores maranhenses, percorreu mais de 2 mil povoados. Em 1.311 desses povoados foram encontrados artesãos em atividade, que produzem regularmente ou aceitam encomendas. Mais de 23 mil produtos estão registrados na plataforma, além de 3.600 distintos materiais (são mais de 400 madeiras e, 90 tipos de cipó) e 217 técnicas de execução.  

A plataforma é uma vitrine para os artesãos e procura facilitar o contato com eles, cada um tem sua página com endereço, contato, produtos, além das imagens. Todo o conteúdo disponível pode receber acréscimos e atualizações facilmente e a partir de agora artesãos, o público, gestores municipais também podem contribuir, mantendo o dinamismo da informação. 

artesão segurando violão em ateliê 
Artesão: Antonio Ferreira

Os povoados também têm sua página na plataforma, assim como os 91 municípios, destacando o contexto em que o artesanato é produzido. Há informações sobre acesso, principais características, imagens e os artesãos que moram ali. Muitos povoados são especializados em certo tipo de artesanato, outros reúnem grande quantidade de artesãos, outros ainda são residência de uma especialista ou de um artista. A cultura, o modo de vida e as paisagens de um interior desconhecido, tornam-se mais acessíveis. 

Artesanato e território maranhense 

O artesanato maranhense tem um vínculo forte com o território. A vegetação, as águas com suas possibilidades de pesca, a cultura das comunidades, as brincadeiras, os festejos favorecem e demandam a atividade constante dos artesãos. É a utilização do artesanato pela população que vem garantindo sua permanência, apesar de gerar uma renda ainda muito modesta para quem faz. A produção artesanal do Maranhão se desenvolve nos principais biomas brasileiros – Amazônia e Cerrado, utilizando materiais como as fibras vegetais, os cipós, as madeiras e as argilas. 

artesã bordando tecido à maquina
Artesã: Marlene Nunes Lima

“A extensão do artesanato no Maranhão impressiona. É possível dizer que ele é a expressão cultural mais presente no estado. É uma riqueza que vem do interior, uma microeconomia verde, sustentável, que também preserva conhecimentos tradicionais e técnicas que já se perderam em outras regiões. É um universo que precisa ser reconhecido, essa pauta está na ordem do dia em âmbito global. A plataforma foi pensada para trazer visibilidade a tudo que o artesanato representa, evidenciando também a qualidade e o bom design”, destaca a historiadora Paula Porta, que concebeu e coordenou o mapeamento e a criação da plataforma.