O Instituto Cultural Vale (ICV) apresenta, durante o mês de agosto, programação diversa que salvaguarda e celebra a cultura dos povos originários do Brasil e propõe reflexões necessárias sobre nossa relação com eles. Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e comemorado mundialmente no dia 9 de agosto, o Dia Internacional dos Povos Indígenas marca o Agosto Indígena, dedicado a homenagear e reconhecer as suas tradições.
Com um conjunto de iniciativas que incluem festival, documentários, formações, exposições e trocas de experiências, o Instituto Cultural Vale busca atuar pelo fortalecimento e preservação das culturas indígenas em diversas regiões do país.
Festival “Indígenas.BR” e nova exposição no Maranhão
O Centro Cultural Vale Maranhão celebra o Agosto Indígena com o Indígenas.BR – Festival de Músicas Indígenas, de 7 a 10 de agosto. Em sua sexta edição, o evento receberá apresentações de representantes dos povos indígenas Xikrin, Kaingang Nẽn Ga, Tikuna, Gavião, Ka’apor e Terena. A abertura será realizada no Teatro Arthur Azevedo, com show da cantora Djuena Tikuna e convidados.
O evento contará ainda com a oficina Arco de Boca Kaingang, um encontro entre o tocador Gomercindo Salvador e integrantes do coletivo Nẽn Ga, para que os saberes relativos a esse raro instrumento sejam compartilhados com pessoas de gerações mais novas. Documentários inéditos dirigidos por Djuena Tikuna e Diego Janatã sobre os povos Ka’apor e Akroá Gamella terão sua estreia no festival, além de um inédito desfile reunindo os estilistas indígenas We’e’ena Tikuna, Sioduhi e Patricia Kamayurá.
Encerrando o festival, será a aberta a itinerância da exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação. A mostra apresenta um recorte sobre as línguas indígenas do Brasil e reúne cultura material dos povos originários, além da memória ancestral e afetiva expressa a partir da curadoria da artista visual indígena Daiara Tukano. A exposição é realizada pelo Museu da Língua Portuguesa e conta com a articulação e o patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet.
Na edição que começa em São Luís, a Vale e o Instituto Indígena Botiê Xikrín (IBX) lançam o “Dicionário Ilustrado Xikrín-Português”. A obra reúne cerca de 400 verbetes em quatro livros digitais e tem o propósito auxiliar como material didático e em pesquisas de alunos e professores de escolas da Terra Indígena Xikrín do Cateté, no Pará.
No Espírito Santo, celebração à cultura e história indígena
O Museu Vale terá programação temática sobre a cultura dos povos originários em diversos pontos. No dia 20 de agosto, às 9h e às 14h, o Parque Botânico Vale será palco da “Roda de Conversa Resistência – história e cultura indígena no Brasil”. O papo será conduzido pelo pesquisador graduando em história e artista Fagner Chaves.
Analisando a história indígena no Brasil a partir da colonização portuguesa, será apresentada uma análise da luta dos povos indígenas contra a escravidão e invasão de suas terras no passado, e como esses povos utilizam sua cultura como arma de resistência no século XXI.
Ainda na agenda extramuros do museu, a arte-educadora Ará Martins apresenta o projeto “Nhãndeva Ekuéry (Quem Somos Nós) – Celebrando a Cultura Guarani”*. A artista apresentará, em 4 sessões, as tradições das joias naturais, pintura corporal, instrumentos musicais, cantos e danças a partir da perspectiva de uma mulher indígena do povo Guarani da terra indígena Boa Esperança, em Aracruz. A ação tem metodologia prática que mescla oficinas, contação de histórias com roda de conversa e exposição de artesanato e acontece nos dias 30 e 31 no Sesc Glória. Ainda no espaço, das 09h às 20h, haverá feira de artesanato indígena organizada por Ará Martins e pelo Museu Vale.
Para encerrar a programação, ‘Mira-Sá Iauaretê: mitos e encantados indígenas’ em experiências educativas mediadas por artefatos literários e artísticos. A ação da artista, professora e pesquisadora Marina Miranda procura dar visibilidade aos saberes dos povos indígenas a partir das suas representações estéticas e de uma coleção etnográfica composta por cestaria, sementes, pedras, fibras, pinturas, penas, grafismo, grafias de palavras em obras distintas – configurando mitos e encantados. De 05 a 09 de setembro, das 09 às 18h, no HUB ES.
*Projeto selecionado no Edital Convocatória de Programação 2024
Museus e projetos culturais patrocinados
No Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, a vida e a cultura do povo Macuxi, além da paisagem natural de Roraima, são as grandes fontes de inspiração da artista indígena Carmézia Emiliano, que tem sua primeira exposição individual na cidade, Carmézia Emiliano e a vida macuxi na floresta. Com curadoria dos diretores do museu, Angela Mascelani e Lucas Van de Beuque, a mostra reúne 21 pinturas (em tinta óleo e acrílica) e está em cartaz até o dia 01 de setembro.
No Museu de Arte do Rio, a primeira exposição da artista indígena Daiara Tukano está em cartaz até 25 de agosto. A mostra “Pamuri Pati – Mundo de transformação” fala sobre as transformações sociais que podem ser observadas pelas óticas do feminino e do próprio povo indígena. Para a artista, isso se dá por uma retomada da “memória ancestral” com a qual a sociedade se reconecta.
O projeto “Festas Kayapó”, que tem como objetivo criar um rico acervo audiovisual da cultura Kayapó, segue com registros da Menire Biok, uma festividade ancestral que carrega vários simbolismos sobre as mulheres Kayapó. Três aldeias – Kendjam, Aukre e Pykararankre – no município de Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará, participam das atividades do projeto com festas tradicionais.