O Museu de Arte do Rio (MAR) inaugura neste sábado, 10 de dezembro, a nova exposição gratuita “Ter Histórias, Territórios”, organizada pelo Instituto Cultural Vale, pela Escola do Olhar e pelos alunos da Universidade das Quebradas / Faculdade de Letras da UFRJ. A mostra convida o público a refletir sobre a relação entre o território e a história do povo que o ocupa e a ampliar a visão sobre as raízes indígenas e africanas da cultura brasileira, abordando temas como a ancestralidade afro-brasileira e a memória. A exposição vai ocupar a Biblioteca do MAR, no 4º andar da Escola do Olhar.
Curada e produzida pelos alunos da Universidade das Quebradas como trabalho de conclusão do curso “Arte Preta: Filosofia, História e Curadoria”, a mostra conta com obras inéditas criadas pelos estudantes e peças do acervo do MAR. Com cerca de 60 obras, entre pinturas, fotografias e grafites, a exposição é dividida em cinco núcleos temáticos: “Direito à Cidade”; “Lutas, Emancipação e Retomadas Históricas”; “Encruzilhadas”; “Memória e Ancestralidade” e “Corpas, Ações e Ativações”.
“É emblemático ser parte da jornada de desenvolvimento de artistas que já são referência em seus territórios, e criar oportunidades para que eles compartilhem suas criações e saberes com novos públicos, como é o caso da exposição ´Ter Histórias e Territórios´. Especialmente em uma iniciativa sobre arte preta, que se conecta à região onde está inserido, e que foi construída a partir de uma formação que uniu o MAR, a Universidade das Quebradas/UFRJ e o próprio Instituto Cultural Vale”, afirma Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale. “´Ter Histórias e Territórios´ se une a outras duas urgentes e valiosas exposições em cartaz no MAR, espaço que temos orgulho de patrocinar: ‘Um Defeito de Cor’ e a 34ª Bienal de São Paulo – “Faz escuro mas eu canto”, que chegou ao Pará, Maranhão e Rio de Janeiro como resultado das itinerâncias realizadas pelo Instituto, e que entre suas obras inclui o enunciado ‘Retratos de Frederick Douglass’, um dos maiores abolicionistas da História”, conclui Barreto.
Segundo Marcelo Campos, Curador-Chefe do MAR, a mostra apresenta histórias, testemunhos e vivências plurais e diversas, dando espaço a uma definição de memória não-unilateral, não-utilitária e não-reducionista.
“Acredito que a importância dessa exposição se dá pela semelhança entre o perfil da Universidade das Quebradas e o perfil do Museu de Arte do Rio. Nesse sentido, selecionamos 35 estudantes que residem nas periferias do Rio de Janeiro e trabalhamos junto desses alunos para que pudessem produzir uma exposição completa a partir dos módulos trabalhados durante o ano no curso. A variedade presente no processo artístico e curatorial criou uma amplitude de linguagem muito importante para a mostra”, afirma Campos.
A aluna-curadora da Universidade das Quebradas, Rafaela Lohana ressalta a importância do direito à cidade, tema explorado na nova exposição, para a construção de novas memórias e narrativas.
“O direito à cidade é, ou deveria ser, amplo, único e para todos os que a habitam. Sejam os atuais ou as futuras gerações, o direito à cidade está na participação, produção, habitação e mobilidade. No uso do espaço de forma democrática, justa e inclusiva. A importância do tema reflete no que acompanhamos do ontem e do hoje, para a construção de um futuro. O direito à cidade é sobre estar, permanecer e perpetuar direitos que são nossos, ligados às diferentes partes dessa cidade que cria muros invisíveis”, diz.
Para o Educador Pleno do MAR, Fernando Porto, a exposição é fruto do espaço de diálogo criado no “Territórios Quebradeiros”, encontro semanal realizado com os estudantes durante o ano, que permitiu que os alunos-curadores pudessem ao mesmo tempo criar e trocar experiências.
“O ‘Territórios Quebradeiros’ foi um espaço de acolhimento e compartilhamento de saberes. Um sarau de mostras de trabalhos artísticos, rodas de conversa e oficinas de criação. Nesse sentido, nós conseguimos criar um momento em que os alunes puderam conhecer as trajetórias, narrativas e experiências de cada pessoa que compôs o curso”, comenta Porto, que também é um dos coordenadores da exposição junto com Marcelo Campos e Thayná Trindade.
“Aqui no MAR nós acreditamos muito no valor da integração entre arte e educação. Nesse sentido, trazer uma exposição criada pelos alunos da Universidade das Quebradas é mais um passo na direção de reforçar e revigorar essa conexão. Trazer esses artistas cariocas para dentro do museu para falar sobre temas como a memória, a ancestralidade e o direito à cidade é fundamental para a nossa missão de construir um espaço cultural mais plural e diverso”, afirma o Diretor e Chefe da Representação da OEI no Brasil, Raphael Callou.
Para celebrar a inauguração da mostra, o MAR preparou uma programação especial, que vai contar com performances artísticas, lançamento de livros dos alunos da Universidade das Quebradas e até um show do Jongo da Serrinha.
Os formandos da Universidade das Quebradas e alunos-curadores da exposição são: Airá Ocrespo, Alexandre Nadai, Ana Lima, Anna Carla Rosa, Arleni Batista, Armindha Freire, Beatriz Nobrega, Denise Kosta, Dudu Soares, Fran Santos, Gustavo Gelik, Gustavo de Carvalho, Juliana Maia, Kadosh Oliver, Karine de Souza, Katianne Berquiolli, Laerte Gulini, Leila Medeiros, Leonardo Freitas, Lourdes Maria, Marcelo Junior, Maristela Pessoa, Mauro Cleverson, Naira Fernandes, Nayane Silva, Paula Carriconde, Pedro Vidal GrioT, Rafaela Carmona, Rafaela Lohana, Raphael Pippa, Ras Renato, Roberta Damasco, Tati Vader, Thaís Bueno e Victor Meirelles.