Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho, “Retro / Ativa” apresenta trabalhos de diferentes momentos dos mais de 20 anos de carreira de Eder Santos. A exposição itinerante fica no Museu de Arte do Espírito Santo entre 12 de dezembro de 2023 e 28 de janeiro de 2024 e depois, segue para Belém (PA) e São Luiz (MA)

“Um artista barroco e multimídia, que não se contenta com nenhuma zona de conforto. Um criador que, quando alcança algum lugar, é capaz de partir, na sequência, para outro extremo”. Essa é uma das definições de Eder Santos nas palavras do curador Luiz Gustavo Carvalho, responsável pela seleção das obras da exposição “Retro / Ativa”, que chega ao Museu de Arte do Espírito Santo na terça-feira, dia 12 de dezembro. A
abertura será às 17 horas e às 18 horas será realizada uma palestra com o artista Eder Santos e o curador Luiz Gustavo Carvalho. Nesse dia, excepcionalmente, o Museu permanecerá aberto até às 20 horas. No dia 12, juntamente com a abertura da exposição, será lançado o site www.edersantos.art

A exposição reúne nove trabalhos que traçam um panorama da múltipla produção do artista multimídia mineiro, a exposição itinerante fica em Vitória até dia 28 de janeiro, antes de circular por Belém, no Pará; e São Luiz, no Maranhão. Gratuita, a visitação acontece de terça a sexta, das 10h às 18h; e sábados, domingos e feriados das 10h às 16h. Este projeto é realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução, patrocínio do Instituto Cultural Vale e apoio do Museu de Arte do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Cultura.

Mesclando diferentes linguagens e técnicas, a obra de Eder Santos borra fronteiras entre artes visuais, cinema, teatro, vídeo e novas mídias. Pioneiro da arte multimídia no Brasil, sua trajetória confunde-se com o início da produção audiovisual nas artes plásticas, nos anos 1980, que funde o padrão estabelecido pelas televisões e as experimentações com o vídeo-amador. “A maioria dos trabalhos da exposição traz essa coisa da tecnologia, que sempre esteve presente na minha obra. Mas a tecnologia acidental, como forma de experimentar. O ruído, a distorção, o desconforto. Usar como ferramenta, sem respeitar muito a tecnologia, sem se entregar ao monitor”, pontua o artista.

Eder Santos sublinha a presença de novas obras na exposição – “Janaúba” e “Call Waiting”, trabalhos de outros tempos, que ganharam formatos nunca antes mostrados. “É importante dizer que algumas das minhas obras têm versões duplas, triplas. Como ‘Janaúba’, que surgiu como performance e depois virou um vídeo, em 1993, exibido em festivais de cinema e premiado no ‘Videobrasil’. Agora, ele chega neste formato de videoinstalação, que ainda não foi apresentado. Essas duas obras que foram repaginadas, curiosamente, tratam do cinema”, comenta Eder Santos, autor de 15 curtas, três longas-metragens e várias séries televisivas. “‘Janaúba’ traz questões mineiras, que remetem a Guimarães Rosa e, ao mesmo tempo, faz referência a ‘Limite’, de Mário Peixoto, e a ‘Carro de Boi’, de Humberto Mauro, figuras importantes do nosso cinema.

Para Luiz Gustavo Carvalho, as obras inéditas trazem um aspecto importante para a seleção, que vai ao encontro do título da exposição. “É uma retrospectiva que contempla vários períodos da carreira de Eder, mas que não trata de um trabalho fechado, muito pelo contrário. Estamos falando de uma produção totalmente ativa, e as obras inéditas permitem o olhar para os novos inícios”, pontua o curador, ressaltando que o artista mineiro possui trabalhos em coleções permanentes de instituições como os Museus de Arte Moderna da Bahia, de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Museu de Arte Moderna de Nova York – MOMA (Nova Iorque, Estados Unidos), o Centre Georges Pompidou (Paris, França) e a Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami, Estados Unidos).

Sobre Eder Santos

Nascido em Belo Horizonte, Eder José dos Santos Júnior iniciou seus estudos na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, posteriormente, mudou-se para o curso de Programação Visual, na Fundação Mineira de Arte Aleijadinho (Fuma), onde se graduou em 1984. Videoartista, cineasta, roteirista e designer gráfico, tem obras nos acervos permanentes de vários museus e vasta participação em bienais e festivais no Brasil e no exterior. Possui premiada carreira como diretor de cinema e TV e, na música, soma parcerias com o multi-instrumentista e compositor Paulo Santos, do grupo Uakti.

Entre seus trabalhos, estão a videoinstalação “The Desert in My Mind” (1992), que convida os espectadores a caminharem sobre as imagens; o vídeo “Janaúba” (1993), que evoca uma volta às origens do audiovisual; e a videoinstalação “Call Waiting” (2006), composta por 50 gaiolas e imagens projetadas de pássaros, que remetem a memórias de infância ligadas às aves que o pai do artista criava. Além de se dedicar à criação de exposições, videoinstalações e vídeo-performances, Eder Santos é autor de trabalhos em vídeo como “Tumitinhas” (1998), “Eu Não Vou à África Porque Tenho Plantão” (1990) e “Mentiras & Humilhações” (1988). Dirigiu 15 curtas-metragens; a série de televisão “Contos da Meia-Noite” (2004, TV Cultura); e os longas-metragens “Enredando Pessoas” (1995), “Deserto Azul” (2014) e “Girassol Vermelho” (2020).

A participação de Eder Santos em festivais e bienais inclui, por exemplo, o “WWVF –World Wide Video Festival”, em Amsterdã (Holanda), onde apresentou a videoinstalação “Enciclopédia da Ignorância”, também exibida no “Media Art Festival de Milão” (Itália),no Palácio das Artes (MG) e na Luciana Brito Galeria (SP). O percurso do artista mineiro está entrelaçado com a história do “Festival Videobrasil”, de São Paulo, para o qual é selecionado desde a segunda edição e já ganhou diversos prêmios. Eder Santos participou, também, da “Bienal de São Paulo” (1996) e da “Mostra Bienal 50 anos” (SP, 2001), além de acumular premiações em festivais internacionais e nacionais como “Prêmio Sergio Motta” (SP), “Prêmio Petrobras Brasil”, “Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana” (Cuba), “FestRio” (RJ) e “Rio Cine Festival” (RJ).

Sobre a Trem Chic

A Trem Chic é uma produtora criada em 2007 por Eder Santos, em parceria com André Hallak, Leandro Aragão e Barão Fonseca. Sediada em Belo Horizonte, possui amplo histórico em produções experimentais e de artes visuais, com trabalhos apresentados em bienais e festivais no Brasil e no exterior. Entre os trabalhos, destacam-se a produção da videoinstalação “Dogville”, entre 2011 e 2012, em locais como “Pinta Art Fair” (Nova Iorque, EUA); Oi Futuro Ipanema, para o projeto “VideoUrbe” (RJ); e Galeria Celma Albuquerque (BH). Também produziu, em Belo Horizonte, as videoinstalações “Estado de Sítio”, no Palácio das Artes (2017), e “Galeria das Almas II”, no Museu de Arte da Pampulha (2013).

Além disso, a Trem Chic produziu a instalação exclusiva “Mentiras e Humilhações” (2010) no Palácio da Aclamação, em Salvador (BA); as videoinstalações “Atrás do Porto Tem uma Cidade” (Museu da Vale, Vitória, ES, 2010), “O Julgamento de Paris” (3D, MASP, São Paulo, 2010) e “Embaixadas” (CCBB, Brasília, 2010); e a exposição “Cinema” (Luciana Brito Galeria, São Paulo 2010). Recentemente, a produtora consolidou seu departamento de Cinema e TV, que desenvolve projetos de filmes ficcionais, documentários e séries televisivas, com longas e curtas exibidos e premiados em festivais como “Rotterdam”, “Oberhausen”, “DOK Leipzig”, “É Tudo Verdade”, “Videobrasil”, entre outros.

SERVIÇO
Exposição “Retro / Ativa”, de Eder Santos
Quando: de 12 de dezembro de 2023 a 28 de janeiro de 2024.
Atividade paralelas: Palestra e bate-papo com o artista e o curador: dia 12 de dezembro às 18 horas.

Visita guiada para deficientes visuais: dia 13 de dezembro às 14 horas.

Oficina para crianças: dia 14 de dezembro de 9 às 12 horas.

Visitação: Terça a Sexta – 10h às 18h e Sábados, Domingos e Feriados – 10h às 16h. Excepcionalmente, no dia da abertura da exposição, o Museu ficará aberto até às 20 horas.

Onde: MAES – Museu de Arte do Espírito – Av. Jerônimo Monteiro, 631- Centro – Vitória

Visitação gratuita